quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Intolerância e preconceito no esporte

Histórias de atletas brasileiros que sofrem com o desrespeito no exercício de suas profissões


Por Rod Reis e Jéssica Almeida



Foto: Carol Tomba/PMSJC

O preconceito e a intolerância estão em todosos setores da sociedade e o esporte nãofoge disso, sempre são relatados casos emvárias modalidades, como futebol, vôlei, basquete.Recentemente o jogador Michael Santos do timeVôlei Futuro, que é homossexual assumido, sofreudiscriminação durante uma partida da SuperligaMasculina de Vôlei.

Durante o jogo o publico gritava ‘bicha, gay’,tentando abalar o jogador. Esse caso repercutiuamplamente na mídia, chamando atençãopara como isso acontece no esporte.Segundo Michael Santos, fatos isolados ocorremnos jogos. Algumas pessoas xingam a mãe dos jogadores,o time em geral, mas é coisa de torcedor.“Um fato como esse, específico, no qual um ginásiotodo berra insultos sobre a opção sexual de umatleta foi a primeira vez que aconteceu”, disse.

O fato repercutiu no Brasil todo, e, os colegas detime e os torcedores do Vôlei Futuro deram umshow contra o preconceito. O líbero do time, MárioJúnior, vestiu uma camisa ‘arco-íris’ durante umjogo, o oposto, Leandro Vissoto, usou uma proteçãorosa, a torcida estava com bastões rosas como nome de Michael escrito e os gandulas estavamcom camisas cor de rosa, tudo para dar um bastana homofobia.

O preconceito não ocorre somente com os homossexuais. Ricardinho levantador do Vôlei Futuromorou vários anos na Europa e afirma queesse tipo de hostilização ocorre também comos jogadores negros. “Morei seis anos na Europa,acontece inúmeras vezes esse preconceitocontra negros, torcedor jogando banana é umacoisa que me deixa muito chateado”, afirmou Ricardinho em entrevista ao Globoesporte.com.E os casos de intolerância estão acontecendocom mais frequência. O preconceito rolou soltona Super Liga Masculina de Vôlei. Dessa vezo racismo imperou sobre o jogador Wallace daequipe cruzeirense.

Uma torcedora chamou Wallace de “Macaco”durante a partida. O jogador confessou que ficourevoltado e lamentou o fato dos torcedoresde Minas não terem respeito algum pelos jogadores.Ainda afirmou que o racismo atrapalhaseu desempenho na quadra e que diante dessetipo de desrespeito não tem como não ficar abaladono momento do jogo.



Outro caso envolvendo uma atleta brasileiraaconteceu recentemente. A jogadora Iziane Marquesdo clube Maranhão Basquete, se diz vítimade preconceito por sua origem nordestina. Naturalde São Luís, Maranhão, ela é a única nascidano nordeste brasileiro do grupo de jogadoras pré--convocadas para a Olímpiada de 2012 em Londres.“As pessoas, principalmente nas polêmicas,sempre falam ‘ah, essa nordestina aí querendo fazergraça’. Sempre existe um preconceito quandosomos minoria, mas nunca sofri diretamente, atémesmo porque tenho resposta para isso. Sei medefender muito bem”, desabafou Iziane em conversacom o GE.Net.

A atleta afirmou que o peso de representar suaregião é muito grande e seu desejo é de retornarpara a WNBA, liga de basquete feminino americana,porém lhe deram um ultimato: ou ela continuavajogando no Brasil ou não seria convocada paraos jogos olímpicos.

Além de racismo, preconceito com opção sexuale origem, outro fator curioso desencadeou umasituação de intolerância. A estatura de um atleta.Em 2009 o jogador de basquete Arthur Vieira deSouza, 15 anos, sofreu preconceito em relação asua altura. Com exatamente 2,03 metros de altura,o jovem sempre foi visto com olhares de desconfiança.E sofria discriminação desde criança porser muito alto.

Mas o guerreiro Arthur superou todos esses obstáculose deu a volta por cima. Ele disputou pelasegunda vez seguida em sua carreira o Sul Americanosub-15 em San Andrés na Colômbia. Umexemplo de quem passou por cima do preconceitoe venceu na carreira esportiva

O Ponto de vista dos torcedores

Flávio Ribeiro, 17 anos , estudante
“O preconceito racial ainda hoje prevalece no esporte,e acho que mesmo com as punições continuaráacontecendo. Porque é feito de forma comque o grande público não saiba. Já a respeito daopção sexual é um grande tabu. Ninguém comentasobre isso no esporte”O Ponto de vista dos torcedores
Vivian Regina, 32 anos, Professora
“Não é apenas no vôlei que acontece isso. Vemprincipalmente do futebol, no qual por muitopouco as pessoas chegam a tirar a vida da outra.Precisa ser feito uma educação aos mais novos,também reeducando os torcedores. Além de ummonitoramento para coibir, evitando tantas tragédias.”

Marcus Milanelo, 20 anos, estudante deArquitetura
“Ainda acho que a intolerância no esporte é umtanto visível, o esporte de certa forma une as pessoas,porém o preconceito ainda existe de umaforma mascarada que acaba caindo no momentoque você vê quando a pessoa tem uma brechaem mostrar o que pensa da outra pessoa estamosvendo o preconceito com o jogador gay do vôlei,com a cor. Ainda é nítido e muitas pessoas sofremcom isso, é uma pena”

Alex Ivanovitch, 21 anos, estudante de Publicidadee Propaganda
“O preconceito ainda é marcante, podemos verem estádios europeus torcedores jogando bananaem campo, denegrindo e desmoralizando o atleta.Também existem outros casos de homofobia porparte dos torcedores, nos quais, qualquer intrigainerente ao jogo gera gritos de “viado”, para qualquerjogador, sendo homossexual ou não. A situaçãofica ainda mais embaraçosa quando o atleta égay. Deste modo, nota-se que existe um preconceitono inconsciente coletivo.”

Carlos Eduardo, 21 anos, estudante
“Creio que em todo lugar haja pessoas intolerantese preconceituosas, que não difere muito de umlugar para o outro, só que lugares que envolvemjogos, a euforia do momento faz com que não hajatanto conflito; porque estão lá por um único motivo:Torcer.”

Foca em Foco | Ano 13 - Edição 2 | Junho/Julho 2012
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